assuntos: literatura, filosofia, psicologia, interdisciplinaridade, musica, cinema, poesia, educação, arte
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
A hipótese fundamental.
Você pode não entender nada mas, para começar a filosofar, você precisa ter uma hipótese. È como o artista que compõs uma música. Ele não sabe exatamente o que a música diz, embora talvez o sinta intensamente enquanto reproduz a melodia que escreveu. Nestas condições, o espírito se ancora em si mesmo e constrói as verdades a partir de si. Por isso consegue comunicar-se com todos os outros espíritos, de modo que todos entendam sem que possam traduzir este sentimento em termos racionais. E muitas vezes as pessoas se comunicam assim, sem dizer uma palavra, enquanto ouvem juntos a mesma melodia. Depois aplaudem juntos e se levantam para aplaudir o espírito humano, muitas vezes sem ter a menor ideia do que aplaudem. Nunca se perguntam o que aplaudiram, embora juntos tenham certeza de que não fazem papel ridículo. E se levantam e aplaudem novamente, como que desejando fazer jus ao espetáculo, conservá-lo em si, retomar algo que já continham em si. Dizem para si mesmos: eu já conhecia essa melodia, eu a concebi, exatamente como foi performizada. È assim o que ocorre com todas as outras coisas perfeitas de que nos apropriamos dizendo "é minha, eu já a havia concebido". Por isso há os museus de arte, para guardar as obras-primas. Toda a cultura, enfim, vai guardando as coisas perfeitas.
No entanto, uma hipótese deve ser aceitável, plausível e inteligível aos outros, de forma que é exatamente isso que se entende aqui pela palavra hipótese. Uma hipótese deve poder ser comunicada. É o sinal de que firmou raízes no outro representante do mesmo espírito e de que, portanto, merece ser aplaudida. Mas, o que se pretende com tudo o que foi feito das hipóteses até agora, o melhor da cultura? A resposta é clara: é preciso se aproximar do que há em comum, formar comunidade e comunhão, uma cultura de comunhão. Essa é a hipótese que fundamenta a civilização humana.
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